sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A noção de Sujeito de Gilles Deleuze

Realizado na última quinta-feira (27/10) na USP, a conversa com o tema “A constituição do Sujeito e a Filosofia de Gilles Deleuze”, que faz parte do Seminário avançado “A Ideia do Humano” trouxe temas importantes para o pensamento educacional, com novas perspectivas frente a diversidade que nos rodeia.

 Sandro Kobol Fornazari (Filosofia da Unifesp-Guarulhos) tratou em especial do livro “Diferença e repetição” de Deleuze, com os pontos fundamentais descritos abaixo. Me permito aqui, pela complexidade do tema (voltado para a pós-graduação) de certa divagação na exposição, pinçando elementos e discussões pertinentes a minhas práticas:

O sujeito se constitui no dado, assim não existe sujeito pré-constituído. O sujeito se forma na exterioridade, incluindo nesse sentido o próprio espírito, que não é dado e, construído pela ação externa, ativado pela imaginação.

Exemplo: conheço a chama e a associo ao calor. Essa associação é ligada a repetição de vezes em que entrei em contato com o elemento chama e calor. Quando acesso a referência a chama, a tendência (pelo hábito) é que vivencie os elementos associados. Ao contemplar o fenômeno descrito acima por muitas vezes eu “contraio” a experiência vivida e a transformo em uma expectativa (hábito), que está associado ao passado e ao mesmo tempo ao futuro, quando projeto a experiência (como no exemplo da chama). Pelo hábito espero algo para determinado tempo, o que origina a imaginação, pois através da repetição contraída eu “imagino” o que há por vir. Dessa forma, somos compostos por hábitos : uma máquina de contrair repetições.

O encontro com o novo torna possível o pensamento. Pensar é estar relacionado com o “fora”, com um signo, um elemento constitutivo (que afronta a imaginação, forçando-o a pensar). O novo agride a continuidade da imaginação. O sujeito reflexivo se constitui através da experiência e do hábito, superando-o.

Conceito de síntese passiva do tempo:
A repetição nada muda no objeto que se repete (o próprio estado da matéria), mas muda alguma coisa no espírito que o contempla;
Eu contemplo, contraindo através da repetição e gerando uma impressão qualitativa;
Inferimos a existência de algo por hábito. Vejo algo e sei que está lá (lugares por exemplo);

Fadiga: quando não contraímos o que contemplamos. Não se pode ir mais depressa que nosso presente.

Conceito de síntese orgânica do tempo:
Somos constituídos pela contração (repetição) de elementos não conscientes (assim como o trigo é constituído pela água e pela terra). Contraímos aquilo de que descendemos (somos resultados de evoluções, gerações, constituições diversas);

Eu: existe uma infinidade de eus que agem em nós e nos constituem numa multiplicidade de vontades.

Reflexões sobre o tempo:
Pode ser encarado como um progresso linear (evolução), como sendo cíclico (sempre se repete mas com novos arranjos), com mobilismo constante.

O destino não é o que aponta para adiante, mas o que aponta para traz;”

Quando lemos um livro 2 vezes não encontramos nada novo nele, mas algo novo em mim. Compreendendo um texto, eu me compreendo.”

Reflexões sobre aprendizado nessa constituição de sujeito:

Não podemos prever, do que foi trabalhado em sala, o que para cada aluno em particular teve intensidade . Recortes são feitos sem nosso controle. Se pensarmos em um sujeito que é múltiplo podemos, por isso mesmo, pensar em uma assimilação criativa pelo aluno.

O conteúdo da aula é um pretexto fortuito para despertar para algo (para o sentido da vida)”.

O aluno marca muito mais a intensidade da aula que o professor”


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