terça-feira, 6 de setembro de 2016

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segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O que os alunos podem criar!!!- Projeto Criança não trabalha


As fotos abaixo são montagens feitas com os alunos da escola que trabalhei em Itapevi no primeiro semestre (Graciliano Ramos),  umas das primeiras atividades que apliquei e gostei muito do resultado. Foi bem difícil terminá-la, pois a escola estava com a sala de informática desativada nesse semestre e eu tive que levar meu computador uma semana e chamar aluno por aluno para fazer os ajustes comigo. Mesmo assim eles participaram bem da etapa de criação com sugestões para que o resultado final ficasse bem parecido com o esboço em sulfite. Uma das coisas importantes dessa atividade é a percepção de processo que está envolvida, pois os alunos ao final podem comparar sua idéia inicial ao produto pronto, valorizando o processo como um todo. A sequência da atividade foi:

  • Contato com o Projeto “Criança Não Trabalha (clique aqui para saber mais)” durante o horário pedagógico coletivo e socialização de material fornecido pela Secretaria de Educação;
  • Leitura coletiva de texto sobre o trabalho infantil presente em livro de Língua Portuguesa e discussão com os alunos sobre os tipos de trabalho infantil;
  • Produção de texto com o tema “O que é e o que não é trabalho infantil”;
  • Socialização das produções de texto e correção coletiva de uma delas;
  • Resgate do tema Propaganda trabalhado anteriormente em Língua Portuguesa (parte do planejamento pedagógico para o semestre) e contextualização para a atividade do Projeto;
  • Criação de propagandas sobre o tema “Criança não Trabalha”, buscando elementos característicos dessa ferramenta de comunicação (a frase e a foto);
  • Preparação para a seção de fotos com os alunos para propaganda, conforme o esboço criado por cada um;
  • Montagem eletrônica das propagandas a partir dos esboços criados anteriormente e da manipulação das fotos no computador (um aluno por vez durante as aulas posteriores);
  • Exibição em aparelho de TV  no dia de socialização do projeto na escola para todas as turmas;

Agora vejam como ficaram ótimas as Propagandas dos meus alunos!!





















sábado, 17 de dezembro de 2011

“FALANDO SOBRE A IGUALDADE RACIAL EM NOSSA SOCIEDADE”: Sugestão de atividade

Vista parcial de painel criado pelos alunos:
"Será que estamos representados nas revistas
brasileiras?"

Essa atividade foi utilizada para ajudar os alunos a criarem histórias em quadrinhos sobre o tema da igualdade racial, dentro do Prêmio AKONI, promovido pela prefeitura de Guarulhos (clique aqui para saber mais sobre o prêmio). A importância dessa atividade introdutória é a de revelar novos elementos de reflexão para os alunos, que mesmo com 10 ou 11 anos de idade já podem perceber certas nuances em nossa sociedade. 
A criação da história em quadrinhos para o prêmio AKONI, foi o resultado de uma  atividade de dois dias consecutivos (5 e 6/10). Iniciamos com a análise de revistas (Veja, Veja São Paulo, Corpo a Corpo, Atrevida, Conta Mais e Turma da Mônica), apurando através de tabelas e gráficos a representação das raças/cores/etnias nessas publicações. Paralelamente, outros grupos apuraram os mesmos dados na formação de todas as classes da escola no período.
Os alunos criaram um painel onde organizaram todas as informações, e na sequência discutiram a diferença entre a representação das revistas e a realidade de nosso povo, buscando explicações na história para tal discrepância (maioria dos alunos da escola são pardos ou negros, enquanto nas revistas a maioria absoluta é branca) e ampliando os subsídios críticos em relação a mídia . Após a discussão foram orientados a produzirem as histórias em quadrinhos, representando uma reflexão dos temas trabalhados.
Fiquei muito satisfeito com os resultados, pois o processo foi muito rico em experiências onde os alunos interagiram e organizaram os conhecimentos de forma autônoma, dentro da participação e reflexão coletiva.

Relação de saberes construídos de forma interdisciplinar (de acordo com o Quadro de Saberes Necessários da Prefeitura de Guarulhos):

  • Realizar leitura  crítica  das  propagandas  e  reconhecer  os  sinais  que  as associam ao consumo, à discriminação étnico-racial e de gênero e aos padrões estereotipados de estética;
  • Perceber e valorizar a diversidade étnico-racial existente na comunidade em que vive e na sociedade;
  • Debate (análise) sobre a história da escravidão, o mito da democracia racial e a negação do preconceito no Brasil;
  • Tratamento da informação (construção e interpretação de tabelas e gráficos, obtenção e utilização de porcentagens);
  • Desenvolvimento da linguagem (oral e escrita) para posicionar-se de forma crítica no mundo em que vive.
  • Vista parcial de painel criado pelos alunos:
    "representação das etnias nas revistas
     brasileiras"
    Vista parcial de painel criado pelos alunos:
    "representação das etnias na escola
     Graciliano Ramos"
    Vista parcial de painel criado pelos alunos:
    "Comparação entre a midia e a realidade
    de nossa população"

"Meu Corpo e Minha Sexualidade": Sequência Didática:

Para todos os companheiros de profissão e também para os pais que precisam derrubar certos tabus. Me detive bastante na discussão teórica antes da sequência didática para ajudar a defender o ensino desse componente curricular relegado em nossas escolas. Acredito que ajude nas reuniões de planejamento, sendo destinado a alunos de 5º ano do Ensino Fundamental. Já adianto que fiquei bem satisfeito com o retorno nas aulas...

foto extraída de misschapels.blogspot.com


Dentre os temas abordados em Ciências Naturais, os relacionados à sexualidade e reprodução humana são um dos pontos mais delicados para a maioria dos professores, e por isso mesmo tem sido negligenciados nos planejamentos pedagógicos. Considerando a emergência do tema nas séries iniciais, principalmente no final do ciclo, quando os alunos ingressarão em novas relações sociais, normalmente com alunos de faixas etárias mais elevadas (pensemos em um aluno do 5º ano do fundamental, que ao trocar de escola para ingressar no fundamental II terá contato com alunos do ensino médio) e as mudanças corporais que se iniciam na adolescência, não podemos desconsiderar o impacto desses conteúdos para a garantia de uma vida sexual sem sobressaltos, principalmente considerando a enorme quantidade de casos de gravidez na adolescência observados em nosso país.
A discussão sobre a inclusão da temática da sexualidade no currículo das escolas de Ensino Fundamental e Médio tem se intensificado a partir da década de 70, por ser considerada importante na formação global do indivíduo. Com diferentes enfoques e ênfases há registros de discussões e de trabalhos em escolas desde a década de 20. (MEC/SEF, 1997c, p.77).
Como apoio para o planejamento de aulas temos os Parâmetros Curriculares Nacionais, que tratam das questões relativas à sexualidade em diversos momentos, sempre considerando sua multidisciplinaridade. No livro dedicado as Ciências Naturais, esse aspecto é ressaltado dentro do eixo “Ser Humano e Saúde”:
(...) A sexualidade humana deve ser considerada nas diferentes fases da vida, compreendendo que é um comportamento condicionado por fatores biológicos, culturais e sociais, que tem um significado muito mais amplo e variado que a reprodução, para pessoas de todas as idades. É elemento de realização humana em suas dimensões afetivas e sociais, que incluem, mas não se restringem à dimensão biológica.
Tão importante quanto o estudo da anatomia e fisiologia dos aparelhos reprodutores, masculino e feminino, a gravidez, o parto, a contracepção, as formas de prevenção às doenças sexualmente transmissíveis, é a compreensão de que o corpo humano é sexuado, que a manifestação da sexualidade assume formas diversas ao longo do desenvolvimento humano e, como qualquer comportamento é modelado pela cultura e pela sociedade. Esse conhecimento abre possibilidades para o aluno conhecer-se melhor, perceber e respeitar suas necessidades e as dos outros, realizar escolhas dentro daquilo que lhe é oferecido.(...) (MEC/SEF, 1997ª, p. 40)
Quando tratado dentro do Livro dedicado ao tema transversal “Orientação Sexual”, essa concepção é reforçada:
Ao tratar do tema Orientação Sexual, busca-se considerar a sexualidade como algo inerente à vida e à saúde, que se expressa desde cedo no ser humano. Engloba o papel social do homem e da mulher, o respeito por si e pelo outro, as discriminações e os estereótipos atribuídos e vivenciados em seus relacionamentos, o avanço da AIDS e da gravidez indesejada na adolescência, entre outros, que são problemas atuais e preocupantes. (MEC/SEF, 1997c, p. 73)
Ao mesmo tempo, alerta-se para o fato de que:
(...) As manifestações de sexualidade afloram em todas as faixas etárias. Ignorar, ocultar ou reprimir são as respostas mais habituais dadas pelos profissionais da escola. Essas práticas se fundamentam na idéia de que o tema deva ser tratado exclusivamente pela família. De fato, toda família realiza a educação sexual de suas crianças e jovens, mesmo aquelas que nunca falam abertamente sobre isso. O comportamento dos pais entre si, na relação com os filhos, no tipo de “cuidados” recomendados, nas expressões, gestos e proibições que estabelecem são carregados de determinados valores associados à sexualidade que a criança apreende (...)..(MEC/SEF, 1997c, p. pag 73)
Além disso, o isolamento das discussões sobre a sexualidade sob o viés exclusivo da reprodução é apontado como deficiente:
(...) Muitas escolas, atentas para a necessidade de trabalhar com essa temática em seus conteúdos formais, incluem Aparelho Reprodutivo no currículo de Ciências Naturais. Geralmente o fazem por meio da discussão sobre a reprodução humana, com informações ou noções relativas à anatomia e fisiologia do corpo humano. Essa abordagem normalmente não abarca as ansiedades e curiosidades das crianças, pois enfoca apenas o corpo biológico e não inclui as dimensões culturais, afetivas e sociais contidas nesse mesmo corpo. (...) (MEC/SEF, 1997c, P. 78)
(...) O trabalho de Orientação Sexual também contribui para a prevenção de problemas graves como o abuso sexual e a gravidez indesejada. As informações corretas aliadas ao trabalho de autoconhecimento e de reflexão sobre a própria sexualidade ampliam a consciência sobre os cuidados necessários para a prevenção desses problemas (...).(MEC/SEF, 1997c, P. 79)
Essas concepções embasam as expectativas em relação ao tema no ensino fundamental:
• respeitar a diversidade de valores, crenças e comportamentos existentes e relativos à sexualidade, desde que seja garantida a dignidade do ser humano;
• compreender a busca de prazer como uma dimensão saudável da sexualidade humana;
• conhecer seu corpo, valorizar e cuidar de sua saúde como condição necessária para usufruir prazer sexual;
• reconhecer como determinações culturais as características socialmente atribuídas ao masculino e ao feminino, posicionando-se contra discriminações a eles associadas;
• identificar e expressar seus sentimentos e desejos, respeitando os sentimentos e desejos do outro;
• proteger-se de relacionamentos sexuais coercitivos ou exploradores;
• reconhecer o consentimento mútuo como necessário para usufruir de prazer numa relação a dois;
• agir de modo solidário em relação aos portadores do HIV e de modo propositivo na implementação de políticas públicas voltadas para prevenção e tratamento das doenças sexualmente transmissíveis/AIDS;
• conhecer e adotar práticas de sexo protegido, ao iniciar relacionamento sexual.
• evitar contrair ou transmitir doenças sexualmente transmissíveis, inclusive o vírus da AIDS;
• desenvolver consciência crítica e tomar decisões responsáveis a respeito de sua sexualidade;
• procurar orientação para a adoção de métodos contraceptivos.( (MEC/SEF, 1997c, P. 91)
E também são explicitadas no livro dedicado ao tema transversal Saúde, dentro do bloco “Autoconhecimento para o Autocuidado”:
 (...) identificação, no próprio corpo, da localização e da função simplificada dos principais órgãos e aparelhos, relacionando-os aos aspectos básicos das funções de relação (sensações e movimentos), nutrição (digestão, circulação, respiração e excreção) e reprodução; (MEC/SEF, 1997b, p. 18)
A Prefeitura de Guarulhos alem dos Parâmetros Curriculares Nacionais, apoia-se em uma Proposta Curricular, elaborada em parceria com toda a rede, e que desde 2010 orienta as ações das escolas, assim como o planejamento e o Projeto Político Pedagógico, chamado de QSN (Quadro de Saberes Necessários). Nesse documento, o tema da sexualidade também é apresentando de forma multidisciplinar:
(...)3.5. SABERES DO EIXO - SERES VIVOS(...)
(...) Valorizar a vida e sua qualidade como bens pessoais e coletivos e desenvolver atitudes  responsáveis  com  relação  à  saúde,  alimentação,  higiene  pessoal, sexualidade e prevenção de acidentes. (...)
(...) Compreender que a sexualidade faz parte do desenvolvimento humano sem necessariamente, implicar reprodução.
Identificar as mudanças em relação à sexualidade: corporais (funcionamento dos órgãos sexuais e reprodutivos, mudança de voz etc.), psíquicas (alteração da  libido, mudanças de  interesses afetivos, vaidade etc.) e comportamentais (busca de auto-afirmação nos grupos sociais etc.) do ser humano no decorrer das fases da vida.
Conhecer o funcionamento dos órgãos sexuais e reprodutivos, bem como os métodos contraceptivos.(...)
(...) Reconhecer a  importância de buscar  esclarecimentos  e  informações  sobre a sexualidade na escola, na família ou com um profissional especializado.
(...) 6.  O  EDUCANDO  E  A  CONSTRUÇÃO  DA  IDENTIDADE,  AUTONOMIA  E INTERAÇÃO SOCIAL(...)
(...) Também,  é  necessário  compreender  que  a  sexualidade  faz  parte  do desenvolvimento humano e que suas manifestações aforam desde a mais tenra idade. Sendo assim, as curiosidades das crianças a este respeito são questões significativas para o processo de  construção de  sua  subjetividade. Nesse  sentido,  a  escola deve  intervir pedagogicamente  com  o  objetivo  de  informar  e  problematizar  questões  relacionadas à  sexualidade,  favorecendo  reflexões  sobre  posturas,  crenças,  tabus  e  valores  a  ela associados. (...) 
(...)6.3. SABERES DO EIXO - IDENTIDADE E AUTONOMIA(...)
(...) Compreender a própria sexualidade ao longo da vida e vivê-la, respeitando sua individualidade e limites, bem como os do outro.
Saber respeitar, sem preconceitos, as diferenças relacionadas à sexualidade para que não haja comportamentos discriminatórios e/ou intolerantes.
Compreender  que  a  busca  de  prazer  é  uma  dimensão  saudável  da sexualidade  humana,  envolvendo  aspectos  físicos,  biológicos,  sociais, culturais, emocionais e a valorização da afetividade como forma de expressão do prazer.(...)
(...)  Conhecer e usar o vocabulário correto em relação à sexualidade  (SEG, 2010, p 76-86)

Dessa forma, o tema a ser trabalhado em uma sequência didática baseou-se na sexualidade humana, a partir da relação interdisciplinar, fugindo do reducionismo do sistema reprodutor. Com o tema “Meu corpo e minha sexualidade”, foram abordados os diversos aspectos da sexualidade humana.
Aluno durante as aulas sobre sexualidade: foram
passados preservativos para que a turma perdesse
a vergonha do assunto.

Sequência didática
Planejamento da Sequência Didática: “Meu corpo e minha sexualidade”

Atividade
Observações
1
Sondagem sobre o corpo humano, a partir de percepções dos alunos sobre o próprio corpo.

Nessa atividade os alunos deveriam desenhar um grande corpo humano no chão da sala, utilizando um dos alunos como molde. Após o corpo ser desenhado, os alunos colaram-no na lousa e foram orientados a desenhar e escrever os nomes de todas as partes do corpo - externas e internas- que conhecessem. O produto final – o boneco - foi exposto na sala e fizemos a correção de eventuais nomes escritos incorretamente, buscando-os no dicionário, ou substituindo alguns nomes usados cotidianamente por nomes utilizados no ambiente escolar (por exemplo “pinto-penis”). Recursos (papel pardo, canetinha, fita crepe).
O objetivo dessa atividade era entender o nível de conhecimento dos alunos sobre o próprio corpo. Já nesse momento houve grande alvoroço, quando um dos alunos me questionou se realmente poderia desenhar “tudo” e ao receber a resposta “sim”, desenhou um pênis no boneco. Isso sinalizou que o tema é um tabu.
2
Sondagem sobre os temas ligados a reprodução e sexualidade (perguntas e respostas)

Nessa atividade, cada aluno recebeu 3 folhas de papel em branco para que respondesse anonimamente a 3 perguntas:

Como as mulheres engravidam?
O que é Menstruação?
O que são DSTs?

Essas respostas foram devolvidas pelos alunos e no dia seguinte, ainda de forma anônima, li todas em voz alta. Recursos (folha de sulfite, lápis e borracha)
O tema da menstruação surgiu na sala, quando uma das meninas – com 11 anos - menstruou pela primeira vez, o que causou muita curiosidade nos meninos e nas meninas, assim como algum preconceito.

O anonimato foi importante para captar de forma clara as reais percepções sobre sexualidade que os alunos possuem.

As três perguntas foram ao encontro das principais dúvidas que eles manifestavam no dia a dia da sala. A leitura de todas as respostas deixou os alunos muito agitados, pois ao ouvir a própria resposta dita por outra pessoa, mesmo que de forma anônima, os alunos sentiram-se participando ativamente do tema.

A maioria dos alunos escreveu respostas ingênuas sobre o tema e a outra parte já utilizou algumas expressões cotidianas nas descrições.
3
Aula sobre o sistema reprodutor masculino e feminino

A leitura das respostas dos alunos foi o início da aula expositiva sobre o sistema reprodutor masculino e feminino. A partir das respostas dadas, organizei a exposição em:

·         Como e porque acontece a menstruação (base para a explicação do sistema reprodutor feminino, incluindo a parte anatômica e a fisiologia do ciclo menstrual );
·         Como acontecem as relações sexuais (base para a explicação do sistema reprodutor masculino, incluindo a anatomia e a fisiologia da ejaculação e chegada do espermatozóide ao útero);
·         Como são gerados e como nascem os bebes (seqüência das relações, fecundação, gestação e parto).
O tema das DST´s foi deixado para a próxima aula, para ser abordado sob o aspecto do comportamento sexual.

Como registro, os alunos deveriam escrever com suas palavras no caderno o que entenderam sobre a concepção dos bebês.

Como material de apoio, utilizei um cartaz com os sistemas reprodutores masculino e feminino, além do livro de Ciências - que possui o conteúdo -, onde eles conseguiam acompanhar melhor as figuras e entender a explicação.

Não solicitei pesquisas sobre o tema, por entender que sendo um tabu para os alunos, as pesquisas seriam parciais e ainda com muito preconceito e vergonha.

Durante a exposição, ao descrever cada órgão, perguntava aos alunos por qual nome  eles  o conheciam e depois dizia o nome correto (“bolas” por “ testículos” por exemplo), para que fossem adequando a linguagem para o uso escolar, o que facilitaria não só as leituras que posteriormente fizessem sozinhos (na Internet por exemplo), mas também a comunicação com médicos e professores, entre outras situações.

No início, a participação dos alunos foi garantida pelas perguntas que fazia ao descrever cada parte, uma vez que eles ficaram muito envergonhados para colaborar com perguntas espontâneas nesse momento.

No final da aula, foi aberto um espaço para questionamentos sobre qualquer tema que quisessem saber, onde apareceram perguntas sobre o que é masturbação, qual a idade que se pode transar etc, que puderam ser explicadas já com os termos corretos.
4
Leitura de texto do livro de Língua Portuguesa sobre a gravidez na adolescência no Brasil e relação das estatísticas com características das regiões e estados estudados em Geografia e História

Na aula seguinte, trabalhamos com um texto do livro de Língua Portuguesa que tratava da gravidez na adolescência, apresentando estatísticas e problematizando a questão. Utilizamos esse texto para discutir como seria para os meninos e as meninas ser pai/mãe ainda na adolescência. Pedi para que os alunos me dessem exemplos do ocorrido na vizinhança e apareceram casos de crianças com 12 anos que elas conheciam e que engravidaram, e também de pessoas na família. Além disso, discutimos o motivo de, nas estatísticas trazidas pelo livro, algumas regiões do país possuírem taxas mais altas de gravidez na adolescência, relacionando com as características  das mesmas (sociais, econômicas e culturais) abordadas nas aulas de Geografia e História que trataram das regiões brasileiras.
Como atividade para casa, os alunos deveriam pedir ajuda dos pais e escrever um texto com o seguinte título “O que mudaria na minha vida se eu fosse pai/mãe na adolescência?”.
As produções de texto mostraram um bom entendimento das implicações da gravidez na adolescência e a solicitação de ajuda dos pais objetivou abrir uma ponte de diálogo sobre a questão, aproximando a questão dos valores a que cada família se insere, e que mudam de casa para casa. No dia seguinte, foi escolhido um dos textos para a discussão e também correção na lousa sob os aspectos de ortografia e construção do texto.
5
Atividade para casa, entrevistando pais sobre o que acham do aborto.

Foi solicitado que os alunos realizassem uma entrevista com o pai e/ou mãe perguntando o que achavam do aborto e se conheciam alguém que tivesse feito.
Essa atividade foi solicitada no final da aula 4, para que os alunos pudessem realizar a entrevista no final de semana. Foi importante, pois introduziu um outro tema relevante e que deve ser discutido em casa, pois as opiniões são muito variadas de família para família e as entrevistas subsidiariam o início da próxima aula sobre métodos contraceptivos, aborto, e DST.
6
Aula sobre os métodos contraceptivos, aborto, DST e aula de informática buscando informações, fotos e vídeos sobre o aborto.

Nessa aula, os alunos leram as entrevistas que fizeram com a família e trouxeram algumas questões que foram levantadas em casa.

A partir desse tema discutimos o que levava uma pessoa a provocar o aborto, chegando a questão que a prevenção da gravidez é o melhor caminho para evitar o aborto.

Com esse gancho foi explicado como ocorre o aborto e quais as formas de evitar-se a gravidez, além das doenças sexualmente transmissíveis.

Foi realizada uma demonstração da colocação da camisinha com uma banana e os alunos puderam pegar em um preservativo para perceber a textura.

Após essa aula, os alunos foram levados para a sala de informática, onde foram orientados a buscar fotos e vídeos que falassem sobre o aborto. Eles encontraram muitos vídeos e puderam entender  de forma clara como ocorre.

Ao voltar para a sala, discutimos os vídeos e fizemos um momento tira dúvidas.

Mesmo após terem falado sobre o tema da sexualidade por vários dias os alunos ainda se envergonharam de ter que tocar em uma camisinha.
7
Finalização da sequência didática com a criação de mini cenas pelos alunos falando sobre os comportamentos dos adolescentes ligados a sexualidade como ficar, namorar, paquerar, como dizer não, a perda da virgindade etc.


Algumas respostas da sondagem sobre a sexualidade escritas pelos alunos nas sondagens
Como as mulheres engravidam?
“As mulheres engravidam quando um homem e uma mulher se relacionam.”
“Fazendo sexo com o homem.”
“As mulheres engravidam quando os homens engravidam as mulheres.”
“Quando ela se deita com o homem e vai fazendo sexo.”
“tudo começa com um beijo e acaba na cama quando um casal se ama.”
“O óvulo do homem e da mulher se gruda e vira.”
“Eu acho que as mulheres engravidam depois de fazer sexo e se usar camisinha não engravidam...”
O que é menstruação?
“Menstruação é uma coisa intima da mulher. Toda mulher vai menstruar um dia.”
“Eu não sei.”
“Fluxo sanguíneo nas mulheres.”
“Quando sai sangue eu acho que quando está virando moça.”
“A menstruação acontece depois dos 10 anos.”
“É quando a criança vira moça, sai sangue.”
O que é aborto?
“O aborto é quando a mulher engravida, que os pais não aceitam e a mulher tem que abortar.”
“Quando a mulher tá grávida e vai para o médico para tirar o bebê.”
“Dar a luz quando a mulher tem um filho.”
“Aborto é quando um bebê nasce sem a mãe querer e abandonam o filho.”
“Quando não quer ter mais filhos.”
“Tem cesária e normal. O parto cesária eles dão injeção e o normal vai com tudo.”
O que são DST?
“Essa doença é quando uma mulher ou um homem não pode engravidar.”
“Quando acontece sexo sem camisinha.”
“É quando o homem e a mulher tem uma doença e passa para o bebê.”
“Pega doenças de outra pessoa, tipo pedofilia.”
“As doenças são pegas mais a AIDS não.”

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais : ciências naturais /Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília : MEC/SEF, 1997a.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental.Parâmetros curriculares nacionais : meio ambiente, saúde / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília :, MEC/SEF, 1997b.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais : pluralidade
cultural, orientação sexual / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília : MEC/SEF, 1997c

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DE GUARULHOS. Proposta Curricular - Quadro de Saberes Necessários. Guarulhos, 2010.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Por que você tem medo dessa imagem?


(foto retirada do site: omideyin.arteblog.com.br)


Quando tinha cerca de 10 anos, sempre que passava próximo a uma casa de Umbanda lembro-me que segurava a respiração para não sentir aquele cheiro que para mim parecia saído diretamente das profundezas do inferno. Hoje mesmo sabendo que aquele odor é do incenso tenho muita dificuldade em ficar em locais perfumados tão comuns atualmente, após a globalização os terem elevado ao status de energizadores de ambientes. Também tenho certa dificuldade, apesar de amar a Maria Bethânia, de ouvir com tranquilidade alguns de seus clássicos,  quando palavras de origem africana que não conheço me deixam com uma sensação ruim, difícil de explicar.

O que me fez resgatar essas sensações tão distantes é buscar elementos para entender por que quando pensamos em aspectos da cultura do Candomblé ou da Umbanda nos transportamos para um mundo maligno. Por que quando vemos imagens como a representada acima nos sentimos mal, com calafrios como ao assistir um filme de terror? Essa imagem de Oxum – o nome já é ofensivo para grande parte da população -  Deusa do amor e da beleza - sim, amor e beleza  - é evocada em muitas cerimônias com bons propósitos. Se é essa a explicação e se não conhecemos suas origens, de onde vem tanta aversão? O que leva a pensarmos que a imagem acima é a personificação do demônio?

Ao buscarmos uma explicação, vemos que em nossa história as religiões africanas – no plural, pois são várias - sofreram durante séculos com a perseguição implacável da igreja católica, e até pouco tempo eram proibidas pela Constituição. Quando os africanos escravizados desembarcaram no Brasil no século XVI, seus cultos foram proibidos, tratados como bruxaria. Essa atitude obrigou os africanos a disfarçarem seus deuses em santos católicos, dando origem ao sincretismo religioso, muito forte em algumas partes do país – como na Bahia -  até os dias de hoje. Quando rezavam para Nossa Senhora da Conceição, por exemplo, estavam falando com Iemanjá. O legado musical de Maria Bethânia retrata muito bem essa mistura.

Antes da constituição de 1988 que institui a liberdade dos cultos religiosos os templos de Umbanda eram invadidos por policiais e seus praticantes presos (mesmo a constituição imperial de  1824 permitindo a liberdade de crença, a liberdade de culto era exclusiva a religião católica e as demais só poderiam exercê-la dentro de suas casas e não em locais coletivos). Todo esse passado de discriminação é a fonte onde bebemos e fomos educados. Assim, não conseguimos sequer pensar nessas práticas religiosas como algo que seja positivo para alguém. Muitos não percebem que essa aversão é na verdade produzida discursivamente durante muito tempo por uma religião dominante, que se impõe sobre as demais e as trata como exóticas, ou malignas. A história da humanidade  nos mostra isso com bons – ou terríveis- exemplos.
E como sair desse arquétipo produzido durante séculos? Não defendo que sejam realizadas aulas de educação religiosa ou que os pais e alunos sejam forçados a assistir apresentações de candomblé para perder o “medo”. O que defendo é que essas questões sejam apresentadas dentro de um contexto de pluralidade cultural, onde as várias representações da cultura – onde a  religião se inclui – tenham seu reconhecimento. Como nos mostram os PCN’s, precisamos encontrar formas de abordar respeitosamente expressões desconhecidas, sem estranhamento e sem deboche.

Como não conseguimos aceitar  a legitimidade e a importância da cultura afro-brasileira em nosso pais a saída é reservar um mês – novembro - para “comemorar”. Imposta por uma lei - nº 10.639 de 09/01/2003- que institui uma data para o dia nacional da consciência negra -20 de novembro - e a obrigatoriedade da temática História e Cultura Afro-Brasileira nas escolas, essa nova agenda fez com que  professores se vissem obrigados a ensinar algo que muitas vezes percebem como abominável. Assim a contribuição africana é representada como História, como folclore, como algo estático, quase morto e que não existe de fato em nossas vidas, se não apenas como um retrato, uma representação de algo distante. Fora desse contexto tudo continua como está e o preconceito permanece. Isso é apenas - quando muito-  ensinar a História.

Ensinar a Cultura afro-brasileira do contrário é percebê-la como algo vivo, em movimento e influenciando nosso mundo hoje, relacionando-se também com as questões sociais.  Não se trata de evocar os cultos, mas deixar de vê-los como malignos e nesse papel acredito que os professores devem promover o debate em sala e quebrar esses tabus. Não podemos ser inocentes a ponto de desconsiderar que as representações  da Umbanda e Candomblé estão indissociadas no imaginário popular como representação da etnia negra, e como estereotipo negativo que são (representando algo maligno) reforçam a figura dos negros e seus descendentes como pessoas inferiores, algo que falamos freqüentemente em reverter dentro da escola e na sociedade. Aceitar a equidade entre o Catolicismo e o Candomblé em termos culturais é aceitar a equidade de suas origens, a equidade entre o “homem branco” europeu e o negro africano.

Muitos professores, sobre essa questão levantam a bandeira da escola laica. Porém, quando  compramos chocolates na Páscoa- morte e ressurreição de Cristo- , fazemos festa na semana da criança – feriado de Nossa Senhora Aparecida-  ou decoramos a escola no natal- nascimento do menino Jesus-,  nos esquecemos de que são festividades religiosas e que muitos cultos não os aceitam. Mas culturalmente esse calendário faz parte de nossas vidas e o reproduzimos sem perceber seu caráter religioso. Acredito que esse viés cultural é a ponte de ligação para a pluralidade de religiões, dentro de um espaço democrático. A cultura não é algo morto ou estático, mas algo vivo que nos influencia e é influenciada por nossas ações. Assim, a  emergência dessa temática dentro do debate escolar é tão grande que não podemos continuar nos omitindo, fingindo que trabalhamos o tema como manda a lei.

Pensem sobre isso amigos professores!

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A noção de Sujeito de Gilles Deleuze

Realizado na última quinta-feira (27/10) na USP, a conversa com o tema “A constituição do Sujeito e a Filosofia de Gilles Deleuze”, que faz parte do Seminário avançado “A Ideia do Humano” trouxe temas importantes para o pensamento educacional, com novas perspectivas frente a diversidade que nos rodeia.

 Sandro Kobol Fornazari (Filosofia da Unifesp-Guarulhos) tratou em especial do livro “Diferença e repetição” de Deleuze, com os pontos fundamentais descritos abaixo. Me permito aqui, pela complexidade do tema (voltado para a pós-graduação) de certa divagação na exposição, pinçando elementos e discussões pertinentes a minhas práticas:

O sujeito se constitui no dado, assim não existe sujeito pré-constituído. O sujeito se forma na exterioridade, incluindo nesse sentido o próprio espírito, que não é dado e, construído pela ação externa, ativado pela imaginação.

Exemplo: conheço a chama e a associo ao calor. Essa associação é ligada a repetição de vezes em que entrei em contato com o elemento chama e calor. Quando acesso a referência a chama, a tendência (pelo hábito) é que vivencie os elementos associados. Ao contemplar o fenômeno descrito acima por muitas vezes eu “contraio” a experiência vivida e a transformo em uma expectativa (hábito), que está associado ao passado e ao mesmo tempo ao futuro, quando projeto a experiência (como no exemplo da chama). Pelo hábito espero algo para determinado tempo, o que origina a imaginação, pois através da repetição contraída eu “imagino” o que há por vir. Dessa forma, somos compostos por hábitos : uma máquina de contrair repetições.

O encontro com o novo torna possível o pensamento. Pensar é estar relacionado com o “fora”, com um signo, um elemento constitutivo (que afronta a imaginação, forçando-o a pensar). O novo agride a continuidade da imaginação. O sujeito reflexivo se constitui através da experiência e do hábito, superando-o.

Conceito de síntese passiva do tempo:
A repetição nada muda no objeto que se repete (o próprio estado da matéria), mas muda alguma coisa no espírito que o contempla;
Eu contemplo, contraindo através da repetição e gerando uma impressão qualitativa;
Inferimos a existência de algo por hábito. Vejo algo e sei que está lá (lugares por exemplo);

Fadiga: quando não contraímos o que contemplamos. Não se pode ir mais depressa que nosso presente.

Conceito de síntese orgânica do tempo:
Somos constituídos pela contração (repetição) de elementos não conscientes (assim como o trigo é constituído pela água e pela terra). Contraímos aquilo de que descendemos (somos resultados de evoluções, gerações, constituições diversas);

Eu: existe uma infinidade de eus que agem em nós e nos constituem numa multiplicidade de vontades.

Reflexões sobre o tempo:
Pode ser encarado como um progresso linear (evolução), como sendo cíclico (sempre se repete mas com novos arranjos), com mobilismo constante.

O destino não é o que aponta para adiante, mas o que aponta para traz;”

Quando lemos um livro 2 vezes não encontramos nada novo nele, mas algo novo em mim. Compreendendo um texto, eu me compreendo.”

Reflexões sobre aprendizado nessa constituição de sujeito:

Não podemos prever, do que foi trabalhado em sala, o que para cada aluno em particular teve intensidade . Recortes são feitos sem nosso controle. Se pensarmos em um sujeito que é múltiplo podemos, por isso mesmo, pensar em uma assimilação criativa pelo aluno.

O conteúdo da aula é um pretexto fortuito para despertar para algo (para o sentido da vida)”.

O aluno marca muito mais a intensidade da aula que o professor”


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